Era uma vez uma menina que, com quatorze anos de idade, resolveu escrever, ou melhor, resolveu registrar aquilo que sentia.Alguns versos.Esta menina era uma espécie de imperfeição que sonhava; mas sonhava sonhos bem concretos, de um mundo desesperado, que aos poucos deslizava por uma espécie de engrenagem.Enquanto descrevida, a menina ia cada vez mais sentindo a realidade, procurando ferí-la com palavras.
À medida que foi percebendo o mundo, viu que os homens procuravam apenas, cada um, segurar seus próprios delírios, sem querer reparti´-los com ninguém. Não refletem mais nada.
A menina chorou então várias vezes sobre o papel em que escrevia, mas sentiu que isto de nada adiantava, porque a dor de seu mundo nem as lágrimas aliviavam. A aliança do amor havia se quebrado no cotidiano. Mesmo assim, a menina persistiu em escrever,na esperança, talvez, de saber que suas folhas pudessem se lidas por pessoas que sentissem a mesma angústia em idênticas circunstâncias, que falassem o mesmo diálogo, que sofressem da mesma dialética.
Agora a menina virou mulher, cresceu como crescem as plantas e ervas daninhas; para ela, esperança e amor caminham juntas para a morte; sua infância é, por assim dizer, o jardim abandonado de um sonho.Mas dentro da mulher existe ainda o coração da menina; e a voz da menina também ficou, porque é no livro da mulher que ela ainda persiste. Persiste, como uma bruxinha de pano, o coração da menina.
Autoria: Branca Regina Santisi
Livro de poessias "NADA" Edição composto e impresso na Gráfica São José -São Paulo-Capital Brasil.
Conheci Regina Santisi nos anos 70, depois perdemos o contato levadas pela vida….
Eu não sei o paradeiro da autora , mas tive privilégio de receber um livro de poesias dela em uma noite de autógrafos no conjunto nacional na Av. Paulista. Em década de 80